sábado, 8 de dezembro de 2007

- Senhora, perdão, deseja alguma coisa?

- Um conhaque e uma nova alma por favor!

- Mais fraca?

- Mais forte, mais forte que tiver. A mais forte que temos!

- Mas e o equilíbrio?
- Nesta casa o equilíbrio permanece com a casca forte e a pérola sensível,
- Nesta casca há fungo.
- Fraca?
- Fraquíssima, vamos me traga o conhaque.
- Tome o uísque e o cigarro.

A fumaça, os olhos delineados, negros, com dois traços negros, a boca carmim...
- a alma...
- Não temos, não tenho!
- Trago já.

A fumaça tomava conta do ambiente, além da poltrona carmim e a bandeja de prata, nada possuía vida.
- Tamanho P, M ou G da sua alma?
- Ja lhe disse, traga uma GG.
- Não temos, não tenho.
- Não tenho, não temos.

Se perdia a cada minuto no que não podia ser, se olhava no espelho e enxergava a concha furada, a pérola mofada, o nada que era e que nem o nada podia ser.
Ela era o nada e até o nada a rejeitara.

Nenhum comentário: